São muitas as pesquisas que apontam que distrações enquanto nos alimentamos, como
falar ao telefone, assistir TV, olhar e-mails, ter nosso pensamento tomado por
preocupações e até mesmo, estar com outras pessoas conversando à mesa, bloqueia
em grande parte a possibilidade de perceber o sabor da comida e perceber que
estamos saciados.
Um outro
problema que nos deparamos em nosso dia-a-dia é a compulsão alimentar. Quem
nunca atacou uma panela de brigadeiro, repetiu a torta 5 vezes ou não conseguiu
parar de comer Bis até que não havia mais nenhum na caixinha?
Não estou
dizendo que devemos parar de compartilhar a mesa com pessoas que gostamos e
fazer das refeições um momento de total isolamento ou de vez em quando, nos deixarmos
levar pelo prazer, mas o perigo é fazer disso um hábito. Devemos nos direcionar
para uma refeição com o foco na refeição em si e não em distrações. Este
comportamento inocente que faz parte do hábito diário de quase todos nós, pode
ser o grande responsável por aqueles quilinhos a mais que tanto odiamos e até causar
transtornos alimentares, stress e ansiedade.
Vamos
fazer um teste?
Tente
lembrar do que você comeu em sua última refeição. Agora tente descrever os
sabores, os aromas, a textura, lembre-se da sensação e sentimentos que teve ao
se alimentar. Quantas vezes direcionou seu pensamento para a compreensão da
saciedade?
Se você
teve dificuldade em lembrar de alguma dessas coisas ou até de todas elas, você
não está sozinho.
Uma nova
frente, já bastante difundida nos EUA, mas pouco conhecida por aqui, baseada em
conceitos da Psicologia Positiva, da Tradição Budista e do Mindfulness (atenção plena no momento presente), estabeleceu a prática
da Alimentação com Atenção Plena (Mindful Eating), a qual propõe que
estejamos conscientes de nossas ações, motivações, sensações, sentimentos e
pensamentos durante todo o processo de se alimentar. Desde o aparecimento da
fome ou gula, passando pela escolha ou preparação dos alimentos, até o processo
de digestão.
A
alimentação com consciência plena permite que as pessoas passem a se conectar
com a experiência sensorial e emocional do comer e pessoas que adotam este
comportamento ao se alimentar, descrevem a experiência como um despertar. Relatam
ainda que descobriram o verdadeiro sabor dos alimentos, fazendo com que esta
ação básica do nosso dia-a-dia se torne ainda mais prazerosa, enquanto aguça a
percepção de saciedade.
Outros benefícios da Alimentação com Atenção Plena:
- Aumenta
a percepção do que é fome fisiológica e fome emocional
- Trata
distúrbios alimentares
- Muda a
forma como fazemos a escolha dos nossos alimentos
- Altera
o modo como nos relacionamos com nosso próprio corpo e imagem
- Nutre
não somente o corpo, mas também a mente
- Aguça a
percepção de como a sua alimentação se relaciona com outros seres e com o mundo
- Faz com
que você tenha consciência de suas reais necessidades alimentares
-
Impulsiona a adoção de hábitos alimentares saudáveis
- Ajuda a
controlar a fome e a ansiedade
Como praticar a Alimentação
com Atenção Plena:
1) Foque
sua atenção no momento presente, abandone toda e qualquer distração, sensorial
e emocional.
2) Comece
pelo sentido da visão, olhe o alimento, observe, analise cor e textura.
3)
Perceba o aroma do alimento, aprecie os ingredientes, grande parte do prazer de
comer vem do olfato.
4) Se for
preparar a comida, prepare-a com o mesmo foco e atenção. Se tiver que escolher,
analise com cuidado e consideração.
5) Coma
lenta e calmamente, mastigando bem, sentindo a textura na boca e explorando ao
máximo seu sabor.
6)
Perceba o seu corpo enquanto come. Perceba o movimento dos seus músculos para a
mastigação, os lábios, a língua, o esôfago e o estômago. Preste atenção na sua fome,
na sua real necessidade de continuar comendo e de quando parar.
Comece a
praticar a Alimentação com Atenção Plena e me conte sobre a sua experiência. Ficarei
muito feliz em compartilhá-la com os leitores em outro post aqui do Blog.
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