quarta-feira, 6 de maio de 2015

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO: O BEM QUE ESSE AMOR NOS TRAZ



Desde muito pequena, sempre quis ter um cachorrinho, pedia dia e noite aos meus pais e cheguei até a escrever um bilhete de dia dos pais que falava assim: “Papai, eu te amo muito. Meu amor por você é tão grande quanto o amor que vou ter por um cachorro.” Não me lembro da reação do meu pai, mas dizem que ele não gostou muito e parece que levei mais alguns anos pra conseguir ganhar o meu primeiro cachorrinho.

Mas bem cedo, chegou à casa dos meus avós o Lupi, um pinscher valente, fujão e briguento. Com alguns ele era bravo, daqueles que atacam sem razão, coisas de raça pequena e enfezada, mas pra mim ele era só amor. Não consigo lembrar de um dia sequer que não tenha chegado da escola e ido correndo brincar com ele. Difícil era me tirar do quintal para almoçar. O Lupi ficou com a gente por muitos e muitos anos, e algumas tantas brigas de rua depois, ele acabou virando anjinho quando seus pelinhos já estavam todos branquinhos.  Depois dele veio o Pop, o Toby, o Nicky, o Billy (que faleceu o ano passado com 19 aninhos) e agora estão comigo o Cauê e a Filó, as duas paixões da minha vida. E ainda tem o Nestor, meu sobrinho-cão que vem sempre passar uns dias aqui comigo.






Não consigo imaginar minha vida sem um animalzinho e por mim teria uns 4 cachorros, 3 gatos, 2 coelhos e 1 porquinho, mas falta espaço e paciência dos que convivem comigo. Todo o trabalho, sujeira, bagunça e dinheiro gasto compensa sobremaneira o bem que eles nos fazem e não tinha como não dedicar um post para essa minha paixão que é também a paixão de muita gente.


E não é sem razão. Como não se entregar a um amor incondicional que não dá à mínima se você é velho ou moço, bonito ou feio, pobre ou rico, ranzinza ou alegre, chic ou brega, bandido ou santo e não liga para os seus erros,  se demorou pra voltar, se tem caspa ou chulé?

Mas de onde vem esse amor entre os homens e os pets?




Um grupo de cientistas, liderados pela antropóloga americana Pat Shipman, da Universidade de Pensilvânia, afirma que a conexão entre humanos e animais é algo tão enraizado que foi moldado pela evolução. De acordo com Pat, nosso cérebro está programado para prestar atenção aos animais. Isso seria uma consequência do uso de animais como companheiros de caça, o que era essencial para a nossa sobrevivência como espécie.


Já os sociólogos possuem outra explicação, muito mais ligada à transformação social das últimas décadas. No começo dos anos 70, por exemplo, não se vendia ração para animais, e lugar de bicho era no quintal. Foi só com a verticalização das moradias e o aumento da renda brasileira, no fim dos anos 80, que os animais foram trazidos para dentro de casa, dividindo o sofá com a família. E essa proximidade física teve como consequência uma proximidade emocional.

Apesar de todas as teorias testadas em pesquisas e laboratórios, há quem proponha ideias mais simples. O fotógrafo e jornalista americano Jon Katz, autor de sete livros sobre a relação do homem com os animais, propõe que as pessoas gostam dos bichos porque eles não contrariam as pessoas, porque são relações puras e simples. De acordo com Kats, com os bichinhos não há grandes dramas, conflitos, crueldades, decepções, como experienciamos com outros humanos, e isso gera esse amor.


O fato é que essa relação entre homens e animais faz um bem danado. Allen McConnell, psicólogo e pesquisador da Universidade de Miami, publicou um levantamento sobre donos de animais. Ele afirma que pessoas que possuem bichos geralmente têm boa autoestima, tendem a estar em melhor forma física e são muito menos estressados. Outro achado interessante foi o de que pessoas que se relacionam bem com bichos também se relacionam bem com outras pessoas, ao contrário da ideia de que os animais servem como substituto para o convívio social.

Segundo um estudo publicado no American Journal of Cardiology, os animaizinhos ajudam a controlar o estresse, a diminuir a pressão arterial e a reduzir os problemas cardiovasculares. A explicação é simples: os animais representam uma motivação para a vida. Eles melhoram o estado emocional do ser humano pelo simples fato de se deixarem tocar e acariciar. No contato com o cão, há a liberação de vários neurotransmissores e hormônios de bem-estar, como dopamina, endorfina, feniletilamina, prolactina, entre outros.


No animalzinho, o ser humano projeta seus sentimentos e por isso ele passa uma experiência multissensorial, dando confiança ao homem. Os animais também ajudam na recuperação de crianças com distúrbios psicológicos, ajudam a melhorar a timidez e bebês que convivem com cachorros e gatos, tem a tendência a adoecer menos e tomar menos antibiótico.

Esse vídeo ilustra bem o quanto um cachorro pode fazer pela sua vida e bem estar. Trata-se de uma campanha publicitária da Pedigree® chamado First Days Out e conta a história real de dois ex-presidiários que buscam recomeçar suas vidas e dois cachorros à espera de adoção. Eles são convidados a adotar os cachorros, o que acaba resgatando a sua autoestima e ajudando no processo de reintegração à sociedade. Apesar das histórias de outro país, a campanha é brasileira e quem assina é a AlmapBBDO.



Assim, com tantas explicações sobre por que as pessoas se apegam aos animais, acaba sendo mais fácil perguntar: Por que elas não se apegariam mesmo? E para quem ainda torce o nariz para ter um animalzinho em casa, no final das contas, é uma questão de se abrir à novas experiências. Afinal, qual bichinho não é capaz de aquecer um coração?






Fonte: Revista Época. 28.01.2013

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